Ser um contador autônomo muitas vezes é o sonho de muitos contadores que dedicam horas preciosas do seu tempo executando tarefas repetitivas e burocráticas em escritórios de terceiros. De fato, muitas são as vantagens de se trabalhar para si próprio. Lidar diretamente com clientes, oferecer consultorias financeiras e serviços mais customizados, enfim, ser total responsável pela sua atuação e pelos serviços oferecidos. Mas uma dificuldade é comum a praticamente todos aqueles que que se habilitam a fazê-lo autonomamente: estabelecer honorários contábeis.
O tabelamento de honorários contábeis é feito pelos sindicatos estaduais da categoria. Por questão de ética profissional, cabe aos contabilistas seguirem tais tabelas como piso mínimo de seus honorários. Porém, os valores de uma tabela contábil podem ser tão flexíveis e variáveis que muitas vezes será mais adequado calcular os honorários específicos para certo serviço do que recorrer ao um valor pré-fixado na tabela, que não necessariamente cobrirá todos os custos do contador. Isso porque contadores geralmente oferecem serviços distintos para cada tipo de cliente. Para uns, basta fazer uma simples declaração de imposto de renda enquanto que, para outros, o serviço pode ser bem mais trabalhoso, por exemplo lidar com operações financeiras complexas ou ganhos no exterior.
Para começar, considere a quantidade de horas trabalhadas, o tempo gasto para a preparação e atualização legal e os gastos com energia elétrica e materiais utilizados para a execução do serviço. Calcule esses valores de maneira proporcional ao número de clientes e também ao número de horas que cada um demandar de seus serviços.
Os honorários contábeis também devem cobrir todo o investimento feito dentro do escritório, tais como treinamentos, infraestrutura, pagamentos de tributos e demais despesas que custeiam o escritório. Além disso, é muito importante que o escritório possua uma reserva de capital para situações emergenciais, logo, leve esse “custo” em consideração.
Não esqueça de computar o valor do seu próprio trabalho nos custos contábeis (pró-labore mínimo). Afinal, você também precisa ser remunerado. Pesquise ofertas de empregos, na sua região, para cargos que envolvam sua competência e qualificação profissional, e fixe o valor de seu próprio custo com a média encontrada pela pesquisa.
Atente-se, porém, para que os honorários cobrados não se tornem incompatíveis com os cobrados pelo mercado. Use o bom senso para fazer ajustes de valores quando necessário. Consultar a tabela de valores nessas horas é útil para que seus honorários não se distanciem muito da média do mercado.
Nos contratos de serviços contábeis, que sempre devem ser estabelecidos por escrito, além dos honorários mensais, é praxe a inclusão de uma cláusula atribuindo ao contratante a responsabilidade pelo pagamento de um adicional anual, geralmente correspondente ao valor de uma parcela mensal, para fazer face a trabalhos extras próprios do período final do exercício, tais como o encerramento das demonstrações contábeis anuais, declaração de rendimentos da pessoa jurídica, elaboração de informes de rendimento, elaboração da RAIS, elaboração da folha de pagamento do 13º (décimo terceiro) salário, elaboração da DIRF, etc.
Para o cálculo do seu pró-labore, não esqueça de considerar 1/12 de férias + 1/3 férias + 1/12 de 13º, além do FGTS (8%), para compor a remuneração efetiva.
Exemplo:
Se a oferta salarial média apurada for de R$ 4.000,00, acrescente:
Acrescente a este valor todas suas despesas fixas do escritório, tais como assinatura de periódicos e publicações fiscais, água, luz, telefone, internet, salários e encargos sociais e trabalhistas, aluguel, depreciação de máquinas e equipamentos, custos de treinamento, amortização e locação de softwares, publicidade, material de expediente, impostos e taxas (anuidade CRC, alvará, contribuição sindical), etc.
Para fechar o valor dos honorários cobrados, considere um retorno ideal de pelo menos 20% de lucro sobre a receita de serviços.
Finalmente, não subestime seus honorários. Trate de orçar e cobrar um valor coerente, baseado no montante de serviços que o cliente demandará. Empresas que optam pelo lucro real, por exemplo, exigem muito mais trabalho (conciliação, SPED Contábil, etc.) do que outras que optam pelo lucro presumido.
Estabelecer honorários com base em valores praticados pela concorrência, somente, impede que se conheçam os custos exatos e, consequentemente, a existência ou não do lucro.
É muito importante que se faça um acompanhamento mensal do tempo dedicado a cada um de seus clientes para que se possa adaptar, com mais precisão, o valor dos honorários cobrados de cada um deles.